Não era amor, não era.




Era cilada e eu sabia. Foi exatamente o seu gosto fugaz que me fez querer ficar. Foi por saber que eu não podia me envolver que eu quis me entregar. Eu sabia que não ia acabar bem, mas você me tocava e eu esquecia. Seu cheiro me embriagou e eu queria te beber. Sentir suas mãos em cada parte do meu corpo, a textura da sua barba na minha pele, a sua voz me arrepiava em lugares que eu nem sabia que era possível. Foi o seu olhar perdido, as suas mãos que me procuravam no meio da noite, nossas pernas entrelaçadas, nosso coração confuso. E eu sei que você foi sincero, pelo menos comigo. Mas a vontade de você não me deixava mentir. Os meus verbos queriam engolir tuas sílabas. Eu era fogo e você brincou sem se queimar. Isso só me atiçou mais, eu queria te marcar. Não pra te ter só pra mim, eu nunca liguei para o que você fez, mas sim pelo que deixou de fazer. Eu queria sentir seu cheiro no meu corpo de novo. Seu gosto na minha boca e ouvir teus segredos de liquidificador. A conexão foi forte, "bateu foi tudo", a sinergia me consumiu e você me deixou ali, sem sentido algum. Queria suas mensagens cheias de medo de se abrir demais, a calma do seu telhado após a confusão da tua cama e as sua fotos no meio do dia que me tiravam a paz. Hoje eu apaguei uma foto tua, "prazer felicidade", mas eu espero que você ainda esteja feliz, assim como eu fiquei quando você me deixou fazer parte desse quase nós. Era cilada e eu cai porque eu quis.

Notas sobre um qualquer



Talvez a melhor coisa a se fazer agora seja realmente ir para longe daqui. Te dar um pouco de espaço,ou um universo se precisar. Possa inventar uma desculpa: falha na rede,a bateria que acabou,o trabalho que anda puxado,a velha tia que morreu. Qualquer coisa socialmente aceitável para te evitar.   Não que eu queira realmente te evitar,mas eu meio que preciso sabe? Não consigo mais dormir sem saber como foi o seu dia tão comum,nem ficar mais de uma hora sem pensar no seu sorriso milimetricamente perfeito mesmo sendo torto. Não consigo evitar a vontade de sentir o seu cheiro de quem acabou de sair do banho. Nem esconder a vontade de dormir ao seu lado,mesmo sabendo que você vai puxar a minha coberta a noite inteira.   Por esses e outros motivos,vou fugir,me esconder,take a break. Não posso me apaixonar. Não dessa vez. Você bem que podia ser menos apaixonante não é mesmo? Ser mais grosso,arrogante,desinteressado. Facilitaria bastante o processo. Ao invés disso você trás torta de morango pro almoço.

"Antiprincesas" - A coleção infantil sobre mulheres inspiradoras


Quando eu era pequena tinha um grande livro de histórias, a minha preferida era a do Ali babá e os 40 ladrões, mas adorava também a do rei pelado (A roupa nova do imperador) e a da menina dos palitos de fósforo. Talvez eu não saiba te contar essas histórias tão bem quanto as das princesas da Disney, isso porque a indústria nos compra desde pequenas. Meninas são ensinada a se vestirem de tal maneira, usar maquiagem, serem educadas e esperarem pelo seu príncipe encantado. Então crescemos com expectativas impossíveis de serem alcançadas, ouvindo as pessoas nos chamando de princesas e tudo isso parece lindo, mas a vida não é um conto de fadas. 


Nunca me senti parte de um conto de fadas, mas como todas as minhas amiguinhas fizeram festas de princesas o meu aniversário de 9 anos foi da Bela (de Bela e a Fera). Eu queria festa do Batman, mas sabia que não podia porque "era coisa de menino". Então escolhi a Bela, porque a achava bonita e inteligente, diferente das outras que sempre me pareceram um pouco bobinhas. Assim como a minha mãe fez comigo eu quero ler de tudo para os meus filhos e se você desanima quando entra em uma loja e só vê livrinhos rosa, vai adorar a coleção "Antiprincesas" da editora de livros Chimbote. Conta a história de mulheres de verdade, latino-americanas, fortes e guerreiras, como Frida Kahlo e Juana Azurduy. É lógico que os livros são recheados de ilustrações e linguagem acessível, a intenção é orientar, educar e ao mesmo tempo despertar o interesse dessas crianças. 

"Por um lado, o modelo de Princesas da Disney, reforçado a cada nova produção cinematográfica e, por outro lado, a chegada de um modelo que eleva e ressalta as figuras de mulheres combatentes, comprometidas com se entorno."

Nadia Fink - Autora do livro

Antes que você fique com raiva, queria deixar claro que eu não sou contra a Disney e suas princesas, até porque elas também estão mudando, adoro a Merida de Valente e algumas princesas antigas como Mulan e Jasmine. Amo filmes de desenho e valorizo a inocência das crianças, porque a minha infância foi maravilhosa. E é exatamente por isso que é importante educarmos essa nova geração mostrando a força que elas têm e não impondo comportamentos ou separando o que é brinquedo de menina e menino. Está permitido se vestir de princesa, de super herói, do que quiser, mas é importante empoderar essas meninas para que elas sejam grandes mulheres e saibam disso! Essa coleção é perfeita pra isso, uma pena que por enquanto os livros só estejam disponíveis na Argentina. Eu não sou mãe, mas se um dia eu for a minha filha não será princesa, será o que ela quiser, linda, forte, inteligente, MULHER! 

Aquela maldita crise dos 20 e poucos anos




O que falar sobre essa tal crise dos 20 e poucos anos que mal chegou e já odeio pacas?

Vamos lá, por onde começar? Talvez pelo princípio, ou quem sabe pela a ideia que eu tinha de tudo isso no pretérito. Segunda opção.
Dentre todos meus planos e contra planos definitivamente sei que não estou onde eu sonhava estar. Me imaginava mais independente, mais autoconfiante, empregada, super apaixonada pela minha faculdade e financeiramente estável. Não preciso dizer que não alcancei nada disso né?

E talvez seja exatamente por isso que estou no meio de lugar nenhum. Engraçado parar pra pensar sobre isso, já passei por várias crises existenciais: no início da adolescência, no meio dela, na vez que o “crush” me deu um pé na bunda.  Mas no geral todas elas estavam intimamente ligadas ao que eu esperava sobre o futuro. E pela primeira vez vejo-me incomodada por não saber o que fazer com meu presente.



Sabe aquelas listas idiotas de sites e revistas que falam sobre 15 coisas para se fazer antes do 15? 20 antes dos 20? ... Até hoje não consegui nem chegar perto de terminar uma delas. E me pergunto, será que todas as garotas-mulheres de 20 e poucos anos já conseguiram? Será que sou a única terráquea que simplesmente não consegue ser aquilo que dizem que uma pessoa da minha idade deve ser? (Só você,rebelde,exótica,diferentona)

O mais desesperador é que quanto mais tempo eu perco pensando sobre o que fazer da minha vida (literalmente) mais rápido o tempo passa e mais perdida eu fico. Tipo correr em círculos sabe? Sempre voltando para o mesmo lugar. E isso é um saco.


Às vezes fico observando garotas nas redes sociais, tão magras, cabelos perfeitos, independentes, cheias de amigos, felizes, vida social ativa (e eu já fazem 2 meses que não saio de casa), viajadas, estilosas, e nem nos 20 chegaram. E isso verdadeiramente começou a me incomodar, bateu meio que uma deprê. Decidi me afastar das redes por um tempo: desativei todas.

Todos os dias somos bombardeadas com informações sobre o que devemos vestir, que produtos de beleza são essências, qual é o corte de cabelo do momento. E no meio disso tudo nosso verdadeiro eu fica perdido. Pois as vezes quem somos não é aquilo que o mundo dos instas e blogueiras exigem. E quando a gente não tem certeza sobre o que quer ou sobre o que somos essa cobrança se torna mais explicita ainda.



A verdade é que no meio disso tudo perdi amizades que jurava eternas, mudei de opinião sobre o mesmo assunto milhares de vezes, vi que algumas pessoas conhecidas tornaram-se mães, outras casaram. Vi gente que eu achava conhecer com a palma da mão tornarem-se verdadeiros desconhecidos. E no meio disso tudo só me pergunto: Mas quem realmente sou eu? Quem eu quero ser?


Não sou muito boa com conclusões então vou ficando por aqui mesmo, beijos, até o próximo post.