Ego ferido dói mais que coração partido

23.11.19

Primeiramente um salve a todas as musas do pop, R&B e feminejo que utilizam desse momento para fazer arte e ficarem ricas, um dia espero atingir esse nível. Mas, por enquanto estou aqui, mais uma vez, em frente ao computador, tentando entender o que não tem porquê.


Não foi a primeira vez e não será a última. E claro, não dói mais como o primeiro término. Mas a decepção parece só aumentar. A falta de esperança de que um dia vai dar certo. Ok, entraremos novamente no paradoxo "E não deu certo?". Deu, até demais.

Sabe, ele era aquela pessoa que eu podia ser 100% eu sem medo de ser feliz. Não existiam reservas, medos, inseguranças. Eu não fui a melhor pessoa no início, ainda estava machucada por causa do término anterior e ao invés de me dar um tempo, me entreguei ao que me parecia melhor naquele momento, viver o que ele me oferecia, o conforto de ter alguém que me fizesse sorrir.

E foi assim por 2 anos. Não teve um dia que não nos falamos, nunca dormimos brigados. Raramente discordávamos. Eu simplesmente não me achava merecedora de alguém tão bom, porque ele sempre estava bem e disposto a me fazer a mulher mais feliz que eu pude ser. 

Já passei por muitos momentos difíceis, mas 2018/2019 foram os mais difíceis desses 24 anos. Eu perdi uma das pessoas que mais amava, vi minha mãe triste, descobri 2 doenças crônicas, tive que sair do meu emprego por não ter saúde e me vi totalmente sem esperança pra continuar. Afundei novamente na depressão e ansiedade por conta de tudo isso. A única certeza que eu tinha no momento era o amor da minha mãe, meu pai e do meu então namorado. 

Ele era fortaleza em meio ao caos. E eu era sempre tormenta. Lógico que quando ele tinha dias ruins eu estava lá também, perdi noites de sono amparando suas crises, me preocupei diversas vezes com os seus sonhos que sempre foram altos demais. Não por não acreditar no seu potencial, pelo contrário, sempre o admirei, mas por medo do que o mundo tem se tornado.

Em meio a esse furacão resolvemos nos dar um presente, que pra mim seria a realização de um sonho, ir ao Rock in Rio ver minha banda preferida. E fomos! Foi incrível, como todos os momentos que eu passei com ele. Nossos planos nunca deram errado porque ele se preocupava com cada detalhe e eu o apoiava, uma relação de parceria sem igual.

Foi então que na noite anterior a nossa volta pra "realidade" eu vi uma mensagem que mudou tudo. Um desabafo dele com uma amiga que deveria ter sido comigo. Eu descobri que não era tudo maravilhoso como eu sempre pensei. Nossa viagem perfeita tinha acabado da pior forma. Eu nunca entendi como ele lidava tão bem com uma pessoa tão cheia de problemas como eu, mas acreditava que era por amor. Acontece que relações não são feitas só de amor. E ele, por mais que me amasse, estava cansado, sem forças.

Eu não poderia fazer mais nada a não ser deixá-lo ir. E sem dúvidas, essa dor foi a pior de todas que eu senti nesse período de muitas tristezas. Primeiro porque perdi meu amigo, segundo porque mais uma vez me sentia culpada por um abandono que eu sequer esperava.

Hoje, quase 2 meses depois eu estou melhor. Não sofri tanto quanto das outras vezes, não sai tanto também. A gente amadurece e percebe que não precisa tentar se matar ou beijar todas as bocas, porque nada disso acaba com o vazio que fica no coração. Eu entendi que o melhor é ficar só, coisa que eu nunca fiz desde os 16 anos.

O processo de autoconhecimento dói demais, não é fácil. São muitos tapas na cara, exige saídas e mais saídas de todas as zonas de conforto. E quando você acha que está tudo bem vem um dia ruim e te mostra que não, ainda há muito o que aprender. Ainda há muito o que libertar e compreender. Que só eu posso me completar, só eu posso viver essa experiência. Não posso mais terceirizar essa dor.

Os términos são como o luto e tem várias fases. Vejo que não estou mais com o coração partido, mas sim com o ego ferido. Surgem os pensamentos destrutivos do tipo "se ele não me procurou é porque não signifiquei nada". E apesar de saber que não é assim, que com certeza ainda há carinho, ele seguiu a vida dele e eu tenho que desapegar e seguir a minha também. Não precisamos ter explicação pra tudo. Seria tão bom compreender as lições sobre impermanência.

 Nunca vamos saber com certeza o que o outro sente, imagina controlar. Não se trata mais de coração partido, porque o problema nunca foi você e sim eu. A falta que EU fiz na minha vida.

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