Não era amor, não era.

18.12.16




Era cilada e eu sabia. Foi exatamente o seu gosto fugaz que me fez querer ficar. Foi por saber que eu não podia me envolver que eu quis me entregar. Eu sabia que não ia acabar bem, mas você me tocava e eu esquecia. Seu cheiro me embriagou e eu queria te beber. Sentir suas mãos em cada parte do meu corpo, a textura da sua barba na minha pele, a sua voz me arrepiava em lugares que eu nem sabia que era possível. Foi o seu olhar perdido, as suas mãos que me procuravam no meio da noite, nossas pernas entrelaçadas, nosso coração confuso. E eu sei que você foi sincero, pelo menos comigo. Mas a vontade de você não me deixava mentir. Os meus verbos queriam engolir tuas sílabas. Eu era fogo e você brincou sem se queimar. Isso só me atiçou mais, eu queria te marcar. Não pra te ter só pra mim, eu nunca liguei para o que você fez, mas sim pelo que deixou de fazer. Eu queria sentir seu cheiro no meu corpo de novo. Seu gosto na minha boca e ouvir teus segredos de liquidificador. A conexão foi forte, "bateu foi tudo", a sinergia me consumiu e você me deixou ali, sem sentido algum. Queria suas mensagens cheias de medo de se abrir demais, a calma do seu telhado após a confusão da tua cama e as sua fotos no meio do dia que me tiravam a paz. Hoje eu apaguei uma foto tua, "prazer felicidade", mas eu espero que você ainda esteja feliz, assim como eu fiquei quando você me deixou fazer parte desse quase nós. Era cilada e eu cai porque eu quis.

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